sexta-feira, 18 de junho de 2010

A infância no país da Copa

Você sabe onde fica o maior bungee jump do mundo? Na África do Sul. E um dos maiores e mais famosos parques de vida selvagem do mundo? Na África do Sul. O que talvez pouca gente saiba é o quanto a África do Sul é um país cheio de coisas bonitas e interessantes. E isso é uma coisa bem bacana que as Copas do Mundo fazem: levar para o resto do mundo as notícias e imagens do lugar onde ela está acontecendo.

Esta é a primeira vez que a Copa do Mundo acontece num país africano. A escolha da sede da Copa é feita, em média, seis anos antes do evento acontecer. Desde a década de 90, a Federação Internacional de Futebol (FIFA) definiu que seria feito um revezamento entre as seis confederações de futebol, uma vez que, desde os anos 50, ela só acontecia em países da Europa ou das Américas. A partir daí, os países da Ásia e África também entraram na rota.

Mas é claro que não foi só por causa do bunggee jump que a África do Sul foi escolhida! De todos os países africanos foi o que ofereceu a melhor estrutura em hotéis e estádios (construiram o maior estádio do mundo com capacidade para 94 mil pessoas), além da grande variedade de atrativos naturais.

Durante o mês da Copa, todos os olhos do mundo estarão voltados para o continente africano e a Turma do Plenarinho não quer ficar de fora disso. Por isso, fizemos uma pesquisa para conhecer um pouco mais desse país tão distante. Será que as crianças de lá gostam de futebol como as brasileiras? Do que elas brincam? Lá tem um ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente - para protegê-las?

Brincadeira de criança

Como no Brasil, as escolas africanas também entram no ritmo da festa muito antes da Copa começar. Desde o ano passado, todas as sextas-feiras, as crianças vão para a escola vestidas com a camisa do time preferido. O Football Friday, ou a "sexta-feira do futebol", como foi chamado, foi inventado no ano passado, mas ganhou força com a proximidade da Copa e saiu dos muros das escolas. Nos últimos meses, tornou-se comum ver os sul-africanos com camisas de clubes e seleções, inclusive no trabalho.

Assim como na celebração da Copa, existem muitas semelhanças entre as brincadeiras das crianças africanas e brasileiras. Elas brincam de bola, pique-esconde, andam de bicicleta e pulam corda como aqui.O futebol também faz parte do lazer de muitos meninos. E brincar é uma coisa tão natural da infância, que até quando falta dinheiro para comprar brinquedos, eles constróem os próprios bonecos com madeira, palha, ossos e pedras. Mas tem uma brincadeira que é típica de lá. É a "mankala", jogado com pedrinhas em cima de um tabuleiro com pequenas covas. E parece muito legal. Se você quiser saber mais clique aqui.


A diversão não é para todas as crianças


Apesar de todas essas coisas bacanas, a Turma do Plenarinho descobriu uma triste realidade. Enquanto o país é muito rico em diamante e até em ouro, a maioria da população encontra-se em um nível de pobreza muito grande. E junto com os adultos que enfrentam muitas dificuldades estão as crianças. A África do Sul tem aproximadamente 10 milhões de órfãos para uma população de cerca de 45 milhões de pessoas. É um dos países com o maior número de crianças sem o pai ou sem a mãe, ou sem nenhum dos dois.

É um número muito alto. E a principal causa de todas essas mortes foi o aumento da contaminação da população pelo vírus da AIDS. A AIDS é uma doença que ataca as células de defesa do corpo e quase sempre leva o doente à morte. Há seis milhões de africanos contaminados e ainda nascem, todos os anos, 60 mil bebês com a doença. Um das dificuldades para o combate à doença é o atraso cultural e educacional do país, somado às muitas lendas e crendices que povoam a imaginação da população. As pessoas se recusam a seguir os tratamentos oferecidos pelos médicos.

Mas o governo da África do Sul não está de olhos fechados para esses problemas e está tentando proteger suas crianças. As leis estão se modernizando e a saúde também está começando a melhorar. As autoridades médicas tentam cumprir o calendário de vacinação infantil e quase 100% da população nas cidades têm acesso a água limpa de boa qualidade, o que já evita muitos problemas de saúde.

Os direitos da criança na África do Sul


Há 20 anos a África do Sul estava apenas começando a se libertar das regras do Apartheid - regime em que os brancos tinham todos os privilégios e os negros viviam em situação de submissão, miséria e discriminação. Os negros, maioria da população, não podiam frequentar a escola e não tinham acesso à saúde ou ao saneamento básico.

Durante esse período, muitas crianças tiveram seus direitos violados e quando faziam alguma coisa errada eram presas igual gente grande. Elas também tinham pouco acesso a cuidados de saúde, educação e proteção. Esse regime que separava negros e brancos só foi eliminado entre 1990 e 1996, quando uma nova constituição foi elaborada. Começava assim uma época mais democrática da história africana.

Em 1995, a Convenção sobre os Direitos da Criança foi finalmente assinada no país. As autoridades incluíram esses direitos na nova constituição e garantiram os direitos da criança à identidade, aos serviços básicos, à educação e à proteção dentro do sistema jurídico. Outras leis importantes para proteger os direitos da criança também passaram a vigorar, como a que trata de Violência Doméstica ou a de Crimes Sexuais.

Lá eles também criaram um Estatuto da Criança, mas que não é tão abrangente como o brasileiro. Ele detalha as responsabilidades de pais e tutores (pessoas que cuidam da criança quando ela perde os pais), e estabelece que o Estado pode permitir que jovens acima de 16 anos de idade atuem como chefes de família. Isso permite que irmãos órfãos possam continuar juntos. E os hospitais passaram a oferecer cuidados de saúde para jovens, incluindo o direito do próprio jovem autorizar a realização de teste de HIV em si e nos irmãos, além do respectivo tratamento. Nem isso era permitido!

Mas belas leis não são suficientes para mudar uma nação. Por isso, o parlamento e o governo sul-africanos vêm trabalhando para elevar a conscientização das crianças e de seus pais sobre seus direitos. Reduzir as diferenças entre os direitos e cumprir as obrigações para realizá-los é uma etapa ainda a ser cumprida.

Segundo informação dos orgãos ligados à ONU, muita coisa já melhorou na África do Sul, mas, infelizmente, ainda não é suficiente para garantir que todas as crianças sejam protegidas e tenham espaço para viver a vida apenas como crianças.
As autoridades esperam que a realização da Copa do Mundo deixe para o povo um pouco de riqueza, com a criação de empregos, e um maior conhecimento dos seus direitos. Vamos torcer para que o espetáculo do futebol deixe para os meninos e meninas um pouco de esperança de um mundo melhor! .


 

( Retirado do Site www.plenarinho.gov.br)

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